Ouro Preto aos leões - O caso do Parque do Itacolomi


Eu já relatei aqui um acontecimento do ano passado, quando fomos comemorar o aniversário da minha enteada fazendo um piquenique no Parque Estadual do Itacolomi que, em pleno fim de semana, encontrava-se fechado. Voltamos totalmente frustrados em perceber que em Ouro Preto há poucas opções para que a família ouropretana possa aproveitar os momentos de descanso, e as que existiam, não funcionavam direito. Depois de alguns meses, o parque voltou a funcionar, mas nos entristecemos ao perceber as condições. O museu estava às moscas, museu que conta historia importantíssima da presença do chá na cidade. As luzes estavam todas apagadas e as atividades interativas não funcionavam. A Casa Bandeirista estava às traças. Mas, aproveitamos.

No dia 1° de maio, ontem, feriado nacional, voltamos ao parque para comemorar o aniversário do outro enteado, mas, quando chegamos lá, ficamos sabendo que agora está sendo cobrada uma taxa de 20 reais, inclusive para moradores! Quase tivemos um ataque. 

É um absurdo a privatização de parques públicos, é um absurdo cobrar entrada de  nós, moradores, para prestigiarmos o parque que faz parte de nossa história, que é nosso! Aos turistas, sim, penso que deveria ser cobrada uma pequena taxa, por que  é necessária a manutenção do parque, e turistas viajam preparados para os gastos que terão ao tirar proveito de bens de outros locais, mas aos moradores?



Fomos deixar nossa indignação com a coordenação, e nos disseram que, quando solicitado, o povo ouropretano não apresentou nenhuma proposta, não deu nenhum apoio, que por esses motivos, seria justa uma cobrança, e que o parque tem melhorado muito, está todo limpo e precisa pagar funcionários, e tals. Sugeriram que as depredações ocorridas no parque foram causadas por ouropretanos e que o parque tem se tornado um "produto"... Quando disseram essa palavra, ficou clara a visão mercadológica da nova gestão do parque.

Muitas coisas que aconteceram e continuam acontecendo em Ouro Preto me fazem pensar que quem administra e tem o poder na cidade, tem a intenção de tirar o "nativo", sumir com ele, como se a cidade fosse uma maquete que deveria ser preservada, um monumento morto como as pirâmides do Egito. Aqui tem gente, pô! Aqui tem história, tem povo, tem artista, a cidade é nossa, é do povo! Não temos o direito de visitar um espaço que faz parte do que somos? 

Consertem o Morro da Forca, reabram o Horto Botânico, revitalizem as praças! Aqui tem gente, que tem história, tem família e tem necessidades! É para cuidar dos interesses do povo, dos que também não tem condição e não deveriam pagar, que existem os governos, os gestores públicos! 

Acorda Ouro Preto! Nós queremos uma cidade, não um produto do qual somos totalmente excluídos!

Cada vez mais abismada com o rumo das coisas.

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