A vida é um circo



O mundo é um grande circo e cada um precisa representar bem o seu papel, antes que a lona caia. Na maioria das vezes, os palhaços, as malabaristas, os mágicos e os engolidores de fogo precisam também vender as pipocas, as maçãs do amor e os ingressos, tudo a 20 reais, no mínimo. Montam e desmontam a tenda, de tempos em tempos, e correm pelas estradas do mundo, procurando representar os mesmos papeis para plateias diferentes, esperando pelos aplausos e por uma grande audiência, afinal, é disso que vivemos todos. Quando as luzes se apagam, porém, há todo o lixo para juntar, a bagunça para arrumar e trabalho para o dia seguinte. Os que aplaudem vão embora para os seus circos e se esquecem do espetáculo apreciado, afinal, amanhã é outro dia. Geralmente, os palhaços são os mais tristes, porque na incansável tarefa de provocar o riso, sentem-se vazios dentro de sua própria graça, e a conhecendo bem, não mais vêm sentido em usufruírem-se dela. O trapezista se desfaz de sua infalibilidade e veste a sua roupa de catador de fezes do leão, a sua verdade oculta.

Um dia a lona cai. Sufoca os espectadores e destrói o circo de seus artistas comuns. Os artistas, na verdade, artesãos, agora são obrigados a costurar toda a lona ou a sair do circo. Muitas vezes o circo deixa de representar a magia e a alegria, e os artesãos se voltam apenas para o cocô dos animais e dos humanos. Alguns poucos artistas conseguem ser sublimes na cotidianidade e criam um novo mundo dentro deste circo, ignorando os limites sociais, ignorando os limites da vida, ignorando até mesmo o próprio público. Sem pedir publico, vive a sua divindade, e através dela voa alto, adiante e além da eternidade.

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