A mulher moderna está sofrendo de uma doença que a abate, sufoca e fragiliza, essa doença é a carência identidária. O que seria essa carência identidária?
Depois
das obras "O complexo de Cinderela" e "O segundo sexo", a mulher passou
a olhar para si mesma por um novo ângulo, e passou também a cobrar de
si mesma uma maior autonomia e independência que supunha ter direito,
assim como os homens tem; porém, essa suposta autonomia que a mulher de
algumas culturas vêm conquistando, e não vamos nos esquecer que estamos
falando da mulher da cultura ocidental, pois a mulher oriental ainda
vive em um outro patamar na sociedade, não parece ser o que se esperava.
Disseram
que a mulher tinha que ser independente, que não deveria ficar dentro
de casa comodamente esperando que alguém a sustentasse, que ela deveria
ir para o mercado de trabalho e lutar de igual pra igual com os homens;
disseram que as mulheres deveriam ter a mesma liberdade sexual que os
homens, e que não deveriam ser obrigadas a viver apenas para a família,
mas deveriam explorar o seu potencial. Concordo plenamente, obviamente.
Mas, todas essas cobranças da sociedade e delas mesmas criaram uma pressão
quase que insuportável, e, ao contrário de dar mais confiança, a
fragilizaram ainda mais, criando uma insegurança em diversas áreas e
tirando destas mulheres todas as poucas certezas que tinha.
A
mulher ocidental não sabe mais qual é o seu lugar no mundo. não
abandonou o seu dever de mãe, organizadora do lar e da família, mas
ainda acumulou os papeis de mantenedora, símbolo sexual, leoa em busca
de tudo, sempre super capacitada. Muitas não sabem mais nem se deveriam
se casar, não sabem se deveriam ter filhos, não sabem o que fazer com
uma família. São tantas as funções e as cobranças que elas não tem tempo
de pensar o que é ser mulher ou sobre o que é ser ela mesma, ela só
sabe que precisa ser como o mundo diz que deve ser, sexualmente
independente, ativa, estudiosa, trabalhadora e linda.
A
mulher do século XXI é extremamente carente. Dentro dela ainda há alguém que aguarda o
príncipe que irá transformar todas as lágrimas e o cansaço em alegria,
porém, ela não sabe mais como realizar esse sonho, ela não sabe mais
como se relacionar, ela não sabe nem diferenciar a realidade da fantasia
em meio a tanta superficialidade e descartabilidade; isso tem
consequências, como o aumento de mulheres que são enganadas,
trapaceadas, exploradas por amantes virtuais ou reais que preenchem esse vazio que ainda permanece em suas almas.
A
mulher não sabe quem é ou quem deveria ser, mas a carência que
experimenta no mundo de hoje é real e está transformando as relações.
Apesar de todos os papéis que ela se vê obrigada a assumir, ainda
continua a desejar ser amada como nenhuma outra mulher já foi, deseja
ser salva por um homem. A mulher do século XXI é uma carente extremada.
Como
solucionar este problema? Gostaria de saber... Mas ainda é cedo para
dizer o que todas essas transformações sociais, e principalmente se o
contato crescente entre realidades tão diferentes propiciado pela
internet, podem mudar o mundo como conhecemos. O que sabemos é que
precisamos ter muito cuidado quando estamos fragilizadas dessa forma,
por que o nosso mundo, o que pensamos ser correto, ou até mesmo a nossa
liberdade, serão vistos de forma totalmente diferente em lugares onde a
mulher ainda é obrigada a obedecer e calar, onde a virgindade continua
tabu, onde as mulheres cobrem o rosto e se fazem casamentos arranjados.
Não podemos supor que temos o mesmo valor nestes lugares e que o
universo seja um conto de fadas colorido, onde o amor vence todas as
barreiras, por que não vence e por que, muitas vezes, não se trata de
amor, mas de business!
Penso
que a mulher deve se conscientizar da carência que ela está enfrentando
e se fortalecer, buscando definir parâmetros para futuras relações, não
se deixando levar por palavras românticas do século passado ou abrindo
mão de bens ou conquistas por supostos amores eternos.
Muitas
coisas precisam ser debatidas sobre este assunto, precisamos abrir
nossas mentes e nossas bocas, utilizando das ferramentas disponíveis
hoje em dia para tentarmos superar essa fase e amadurecermos neste
difícil papel que é ser mulher.
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