Dicas de viagem: INACREDITÁVEL ÍNDIA - Taj Mahal e Ganges

O meu desejo inicial sempre foi conhecer o famoso Taj Mahal e o sagrado rio Ganges, por este motivo não me importei com a cansativa jornada que enfrentamos até lá. Não dormimos na sexta-feira e pegamos o avião que saía mais ou menos às 5 da madrugada, de Pune para Delhi. Chegando ao aeroporto, um casal de amigos indianos e seus dois filhos nos esperavam com o motorista do carro, previamente agendado, e de lá partimos para o precioso Taj Mahal. Foram umas 4 horas de viagem. O que notei desta vez foi a poluição do ar, o céu era sempre cinza e não era possível se ver o horizonte. Em alguns trechos, pude ver as usinas jogando livremente a fumaça tóxica na atmosfera. Imaginei que talvez as pessoas daquela região talvez nunca tenham visto o céu límpido e azul e talvez nunca verão, tamanha é a poluição do ar, isso é triste.


Poluição visível nas redondezas de Nova Delhi



Quando chegamos na entrada do Taj Mahal, mal saímos do carro e o tal guia já veio nos abordar. Primeiro  ele nos apresentou um preço, depois nos ofereceu o valor para indianos, de 450 rúpias. Por mim, não era necessário um guia, mas contratamos. Ele disse que se o contratássemos não precisaríamos enfrentar filas e o guia nos explicaria toda a história, pagamos para ver. O outro guia nos acompanhou e quando chegamos até a fila quilométrica da compra de ingressos, eles simplesmente foi até o guichê e voltou com os ingressos. O ingresso para os indianos custa 20 rúpias e para os estrangeiros custa 720 rúpias! Aqui em Ouro Preto, quem é da cidade entra de graça nos monumentos e museus, mas há um dia específico ou é necessário agendar antes, já as pessoas que moram em outras cidades pagam normalmente. Essas questões são particulares, talvez eu me sentiria menos mal se os indianos não pagassem para entrar.


Não precisa de legenda.


 Feira na beira da estrada

Na entrada do Taj Mahal, debaixo do sol escaldante, outras filas quilométricas. O tal guia nos orientou a seguir por umas divisões que estavam vazias, aparentemente para "VIPS", uma para homens e outra para mulheres. Passamos pelos detectores de metal e entramos. De longe vi o Taj Mahal como em um sonho surgindo em minha frente, e o guia não parava de falar. Eu não entendia muito bem e nem estava prestando muita atenção, já tinha lido o bastante sobre a história de Shah Jahan e Muntaj Mahal, e  tudo o que ele dizia poderíamos ler nas placas explicativas que estavam lá, à disposição. Ele fez papel também de fotógrafo. Colocamos os protetores nos pés, pois não se pode entrar de sapatos. Não preciso dizer que havia outra fila quilométrica para se entrar, o guia se aproximou de um guarda que estava na entrada, pareceu tentar convencê-lo e depois de cochichar, o guarda deu um "chega pra lá" nas grades e nos deixou entrar. 



 

Quando a situação injusta nos favorece, não nos movemos muito para corrigí-las, mas apesar de não ter enfrentado nenhuma fila, não gostei daquilo. Quer dizer então que se pagarmos teremos direitos de furarmos todas as filas? E o incrível é que ninguém se indignou, parece que já se conformaram com os direitos que algumas rúpias dão aos outros. Parece que o famoso "jeitinho brasileiro" que, graças à Deus, parece estar saindo dos comentários populares, também existe na Índia, ou "jeitinho indiano".



 


O Taj Mahal é lindo, como era de se esperar. Todo em mármore talhado por centenas de homens, com pedras trazidas de todas as partes do mundo, uma preciosidade. Mesmo lá, parece que não há muitas ações visando a restauração; alguns lugares, onde a pedra colorida dos desenhos se perdeu, colocaram algum tipo de  massa. Penso que o mausoléu ainda está praticamente intacto justamente por ser feito inteiramente por pedras.


 Detalhes




Eu gostaria de ter tido tempo de apenas ficar sentada lá, olhando o Taj Mahal, mas isso não foi possível, pois centenas de pessoas também estavam lá para ver e os guardas faziam o povo andar com seus apitos. Eu não sou nenhuma Dilma Roussef para fechar o Taj Mahal só para mim, mas ao menos pisei naquela maravilha. 


Eu e Dilma temos mais alguma coisa em comum




Fomos para o hotel numa cidade próxima à Delhi e dormimos uma 3 horas, nos levantamos e pegamos o carro para Hardwar, ao encontro do Ganga. Desta vez, além do casal e de seus filhos, fomos acompanhados pelos sogros fofos da Ju. Foram 6 horas até o nosso destino. Chegando lá, compramos umas garrafinhas para pegar água do rio e seguimos pelo caminho. O rio é muito largo e suas águas correm forte; em suas beiras as pessoas se banham e fazem diversos rituais. Alguns jogam peças de roupas, oferendas como cocos e moedas, enquanto outros jovens passam o dia procurando por essas oferendas e as coletando. Todos se banharam alegremente no rio, menos eu e Ju. Nós colocamos os nossos pés nas águas na esperança de que suas bençãos também recaiam sobre nós. Vimos alguns indianos chorando, pareciam que iriam deitar as cinzas de um ente querido no rio. Vimos uma criança com a cabeça raspada e com tinta amarela realizando algum ritual.






 Molhando os pés no Ganga



Depois do rio, entramos por umas ruazinhas estreitas repletas de lojinhas e de vendedores.   Nas ruas pudemos encontrar inúmeros búfalos, turistas, fezes de animais, carros, motos, bicicletas, rickshaws, comida e tudo o que se possa imaginar. Andamos, compramos e paramos em um lugar para comer. Depois de tudo isso, mais 6 horas para o hotel. Durante a viagem de volta, o meu coração ficou apertado, como diria Renato Russo, uma "saudade de tudo o que eu ainda não vi" 


 Pão indiano(só não gostei das sementinhas)

 
Macaco com um bigode desenhado



Foi tudo lindo, mas gostaria de ter tido mais tempo, tempo pra andar, tempo para apreciar as paisagens, de pensar. Só depois que o tempo passa é que pensamos sobre o que poderíamos ter feito e o que deixamos de fazer. Não fui a nenhum templo, deveria ter comprado uma gramática de hindi, como eu sou burra! Deveria ter comprado aquele elefantinho. Mas acima do que deixei de fazer, estão as coisas que fiz. Pela primeira vez, andei de avião e fui logo para a Índia! Conheci pessoas maravilhosas e queridas e conheci os lugares que sonhava. Com certeza, essa foi uma das experiências mais importantes de minha vida, da qual eu jamais me esquecerei! E não será a última, se Deus quiser!

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