O mundo só vai mudar quando cada um lavar o seu próprio banheiro


As coisas só vão mudar quando cada um lavar o seu próprio banheiro; isso quer dizer que enquanto houver alguém que pense que outro precise limpar o local onde ele faz suas necessidades naturais, considerando tal trabalho algo indigno de sua santidade, o papo de igualdade não vai deixar de ser papo. Ave, as revoluções e seu legado, mas a revolução verdadeira é mais embaixo.

Igualdade, fraternidade e liberdade, palavras que serviram bem para redesenhar o mundo e acabar com privilégios eternos e divinos, mas, financiando a "igualdade", havia interesses dos burgueses capitalistas. Mudou? Claro. Mas a igualdade, cadê?

Podemos dizer que nos países europeus há outras politicas e culturas que promovem a melhor distribuição de renda, e que muitas pessoas lavam o seu próprio banheiro, obrigado, Jesus! Mas cultura é um troço complexo. Na Índia, por exemplo, as indianas não gostam que outra pessoa cozinhe seu alimento, não por pensar que todos devam cozinhar, mas por não confiarem nos empregados, que geralmente são de castas inferiores, a estas, são reservadas as fezes da Índia. A metáfora de lavar banheiro significa que as pessoas precisam se ver como iguais, e que não deveria haver níveis ou castas, ou seja, que ninguém deveria ter privilégios a ponto de pensar que limpar a própria merda é algo que apenas pessoas indignas, pobres, ignorantes e amaldiçoadas devem fazer. A questão é o lugar que cada um pensa pertencer na hierarquia da raça humana; é uma questão de hierarquia social que engloba diversos fatores. Assim como os velhos reis pensavam, políticos, burgueses, médicos, advogados, professores, comerciantes, grandes empresários e líderes religiosos, podem julgar pertencerem a uma classe superior dentro da raça humana e que possuem o direito de ter privilégios. Vão lavar seus banheiros, cambada!

A questão não é a de poder pagar por um serviço que eu não quero realizar, pois qualquer trabalho tem o mesmo valor no equilíbrio social, a questão é pensar que eu não posso lavar o banheiro por que simplesmente não posso, pois o trabalho não é digno de quem eu sou, a ponto de se possuir a certeza de que outra pessoa deveria limpar toda a minha sujeira. A questão é essa, a certeza de que somos diferentes e de que alguém nasceu pra limpar as merdas que eu fizer.

Enquanto isso não mudar, não creio que haverá igualdade, se é que isso seja possível, apesar e além de todas as revoluções.

Comentários

  1. Ok, cada um deve saber limpar o próprio banheiro! Mas VIVA o capitalismo que me permite decidir pagar alguém ainda mais digno que eu pra limpar pra mim, aliás, VIVA o capitalismo que diante da oferta e procura determina o valor/hora de uma faxineira mais cara que o valor/hora de pessoas com diploma pendurado na parede! Que amemos uns aos outros como iguais ou melhores que nós sempre :)

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