Circo dos horrores em Ouro Preto. Será?






Nesta semana, eu li uma carta da senhora Gilda Azevedo sobre o final de semana dos horrores que ela viveu em Ouro Preto. Concordei com ela em muitos pontos, mas discordei de muitos. Uma das reclamações é a respeito da má gestão da prefeitura, com isso, concordo plenamente. A cidade está jogada às traças, nunca se viu tanto lixo e tantos cachorros abandonados pelas ruas; nada foi feito nesta gestão que pudesse ter contribuído para a melhoria do bem estar dos moradores em nenhuma das esferas sociais, nem tão pouco para a promoção do turismo.


Ouro Preto é uma cidade importantíssima, tombada pelo IPHAN, patrimônio histórico mundial, cidade única, símbolo de várias questões históricas, mas, além disso, é uma cidade como outra qualquer, que possui gente morando dentro dela e possui demandas de cidade comum. O Festival de Inverno se dá na semana da comemoração do aniversário de nossa cidade, e, como tradicionalmente acontece, a prefeitura promove shows de comemoração voltados para o público ouro-pretano (com fins eleitoreiros ou não, pouco importa). Para tanto, é montada na praça uma estrutura que serve a este propósito, praça que é, e sempre deveria ser do povo, principalmente nas comemorações a Tiradentes, mas isso já é outro debate. Essas estruturas não permanecem no local ad infinitum, mas fazem parte da rotina de uma cidade que possui moradores, como outra qualquer. 


Quanto à programação, não é nem de longe a que me agrada, mas isso é questão de gosto e preferência. Porém, é importante frisar que a maioria das bandas são da região, e para isso eu dou nota 10 aos organizadores, pois Ouro Preto, além da riqueza histórica e arquitetônica, possui uma riqueza muito maior, que é a transbordação de artistas, os quais não são aproveitados, estimulados ou reconhecidos, ficam escondidinhos dentro de suas casinhas pelos morros.


Quanto ao Festival de Inverno deste ano, foi divulgado na página da UFOP (que já há alguns anos é uma das responsáveis pela realização), a falta de verbas para o evento e a possibilidade do cancelamento do festival. Porém, pela força de alguns representantes e voluntários, mesmo que menos grandioso, o festival foi mantido, e devemos lutar para que não acabe de vez.


Quanto aos jovens bêbados, concordo também que a cultura do embreagamento na cidade é conhecida (lembram-se do título da universidade que mais consome bebida alcoólica no Brasil? Pois é). Porém, jovens bebendo pelas ruas em eventos não são privilégio de Ouro Preto, pois em qualquer cidade que possua moradores e onde aconteça algum evento, vai haver jovens bebendo pelas ruas, pois isso é parte da cultura brasileira, seja bom ou ruim.

Há muitíssimas coisas em Ouro Preto que precisam ser discutidas, e as dificuldades são muitas, pois a cidade não é uma cidade qualquer. É como se existissem duas cidades, uma que colocamos no chaveiro como um souvenir e outra que fica nos morros, para onde os moradores são empurrados e escondidos. A administração precisa entender esses dois lados e trabalhar para unir essas cidades, integrando os moradores, que são tão ou mais preciosos que o conjunto arquitetônico. Há uma riqueza cultural e artística que precisa ser garimpada, principalmente neste momento em que a economia da região está sendo afetada pelos últimos acontecimentos. Precisamos preservar nossa cidade, tomar os cuidados para que este tesouro não se perca, mas precisamos lembrar que Ouro Preto também é uma cidade de gente, gente simples que fez sua história, mas uma gente riquíssima e belíssima.




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