Tímida



Quando eu comecei a estudar, na antiga primeira série, eu era uma menininha muito tímida e não tinha nenhum amigo, ficava sempre no meu canto com as minhas coisas. Sempre tive problema com autoridades, nunca me dirigia aos professores, era uma muda dentro da sala de aula; uma vez, tive enxaqueca, embora não soubesse disso na época. Eu estava escrevendo, e a minha visão começou a ficar turva,  comecei a sentir muita dor de cabeça, mas pensava que tinha que terminar a lição de qualquer maneira, mas não suportei, vomitei e acho que devo ter desmaiado, por que depois disso só me lembro de minha mãe chegar e eu estar na secretaria.

Eu tinha tanta vergonha de me expressar que parecia insensível. Quando meu pai comprou o seu fusca, os meus irmãos saiam correndo, pulavam, gritavam empolgados, eu fingia que não estava me importando e que aquilo era super normal, mas por dentro eu queria correr e ver o tal fusca.

Adolescência foi um inferno. Tinha pouquíssimas amigas, sempre me aproximava das pessoas mais simples, com elas me sentia mais confortável e segura. Não tive a oportunidade de sair, viajar, de nada, era uma prisioneira de mim mesma e das situações. Aos 15 anos tinha vergonha de comprar alguma coisa, eu aprendi a subornar minha irmã para isso. Eu também tinha vergonha de pegar ônibus, não sabia onde ficavam os pontos, e não queria perguntar a ninguém. Era uma marmota

Apresentação de trabalhos significava tortura na certa. Odiava me expor, ser olhada, julgada e avaliada. Perdi muitas oportunidades acadêmicas por não procurar por informações.

Enfim me casei e tive filhos, isso me obrigou a ver o mundo de outra forma e a priorizar outras coisas; me separei, entrei para aulas de teatro, pois sempre amei artes e principalmente sonhava em viver outras vidas, sendo eu mesma. O estranho é que ser olhada e avaliada sendo uma atriz é totalmente diferente de quando você é você mesma no palco. Isso me ajudou muito para toda a minha vida. Com o tempo parei de me importar sobre o que as pessoas pudessem pensar sobre mim. Percebi que a vida voa e não podemos gastá-lo com bobagenzinhas e timidez.

Na verdade, ainda sou muito tímida e tenho preguiça de falar, de vez em quando. Mas estou a anos luz daquela menina que desmaiou na escola por vergonha de dizer que se sentia mal.


Comentários

  1. eu estou namorando um indiano ele e bem carinhoso comigo me fala coisas bonitas e ate me pedio em casamento mas diz que so pode casar comigo quando aultima irma dele se casar ai ele pode vir ao brasil e casar comigo, mas a familia delle ainda nao sabe sobre mim, ele sempre diz que depois de casamento de irma ele livre pra casar comigo,e que so pode casar depois dos 27 anos, oque devo fazer me ajudem pois estou apaixonad por ele e ele e bem serio quando me fala sobre isso, mas depois de ler estes depoimentos fiquei muito assustada com tanto sofrimento

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